Licenciatura em educomunicação, novidade da USP

29/08/2010 09:55

 

A Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA-USP, a partir da iniciativa do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), criou o curso de Licenciatura em Educomunicação.

Por um lado, é quase óbvio que esse curso se inicie sendo oferecido por esta escola. É justamente ali, concentrados ao lado de Ismar Soares, que se reúnem professores, pesquisadores e experiências que envolvem os campos da comunicação e da educação no Brasil.

Por outro lado, é incrível que esse novo curso seja o resultado de quase 20 anos de luta pela sua criação. Foram anos de trabalho... Será que alguém ainda duvida que a mídia também é espaço de aprendizagens e que a escola já não pode mais prosseguir sem considerar a comunicação?

A boa notícia é que o curso foi criado, existe, e que a partir do primeiro semestre de 2011 os interessados poderão cursá-lo, após terem sido admitidos pelo processo de seleção coordenado pela Fuvest. 

Para marcar o início do novo curso, a ECA-USP realizou nos dias 23 e 24 de agosto de 2010 o II Encontro Brasileiro de Educomunicação - diálogo entre sociedade civil e universidade. Além de algumas sessões para a apresentação pública e detalhada de como será esse novo curso, o encontro organizou uma série de painéis temáticos que aprofundam e ampliam as possibilidades de entendimento da inserção profissional e definição do perfil funcional daquele que seria o educomunicador formado pelo curso.

Outra grande novidade desta proposta, lembrada durante o encontro pela profa. Maria Immacolata Vassalo de Lopes, é que pela primeira vez teremos um "professor de comunicação", já que essa licenciatura forma também o profissional para dar "aulas de comunicação". Isso é mesmo novo.

Na página da internet que apresenta a Licenciatura em Educomunicação, os responsáveis pelo curso definem o perfil do profissional formado pelo curso do seguinte modo:

O educomunicador será preparado para aproximar seu perfil ao de um gestor de comunicação no espaço educativo. Um profissional que conhece suficientemente, de um lado, as teorias e práticas da educação, e, de outro, os modelos e procedimentos que envolvem o mundo da produção midiática e do uso das tecnologias, de forma a exercer atividades de caráter transdisciplinar, tanto na docência quanto na coordenação de trabalhos de campo, na interface comunicação/educação.

Nos dois casos, espera-se deste profissional a habilidade para gestionar conflitos e a criatividade para encontrar soluções que melhorem os processos educativos, sejam os formais (escolares) quanto os não formais (desenvolvidos pelas organizações sociais) e, finalmente, os informais (implementados pelos meios de comunicação voltados para a educação e cultura).

Sendo um dos convidados para o diálogo entre sociedade e universidade, desde o ponto de vista da produção televisiva, também me dediquei a pensar o profissional da educomunicação. Nessa reflexão, que partiu de um contexto mais amplo, sócio-cultural, da migração digital, busquei entender o perfil do educomunicador de forma mais genérica e sintética. Minha proposta para a definição desse perfil é a seguinte:

Educomunicador é o profissional que atua em redes colaborativas de forte acento digital, que se configuram como ambientes comunicacionais de baixa hierarquização e grande diversidade e autonomia, com fluência em comunicação e educação para a mediação de práticas de aprendizagem e de expressão de conhecimentos e cultura.

Está aí a minha contribuição. Os detalhes de todas as conversas poderão ser conferidos proximamente, com a publicação do livro com os textos dos convidados. Aguarde. 

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